Na Odontologia, a toxina botulínica foi devidamente regulamentada para uso pela Resolução 112/11 do Conselho Federal de Odontologia – CFO – desde setembro de 2011. Também autoriza a utilização de toxina botulínica e preenchedores faciais pelo Cirurgião-Dentista para fins terapêuticos, funcionais e/ou estéticos na mais recente Resolução CFO 176/2016 no dia 01 de setembro de 2016.
A toxina botulínica popularmente conhecida como botox é uma toxina produzida por uma bactéria chamada Clostridium botulinum. É a mesma bactéria causadora da doença botulismo, mas a toxina botulínica industrializada é purificada e usada em doses que não causam a doença. A toxina é aplicada no músculo e provoca o relaxamento da região.
O botox para uso estético é indicado para suavizar as rugas e linhas de expressão do rosto. Entre as linhas tratadas estão as rugas da testa, a glabela (espaço entre as sobrancelhas) e, os pés de galinha, rugas que se formam na região dos olhos. Para sulcos ao redor dos lábios, entre eles o famoso bigode chinês – linha que se forma entre o nariz e o canto da boca – o mais recomendado é o preenchimento facial, pois é uma região de bastante movimento e não é possível atuar na musculatura sob pena de deixar o rosto paralisado.
As rugas aparecem devido ao envelhecimento facial, que ocorre por idade, exposição solar inadequada, má alimentação e tabagismo, entre outros. Mas o fator imprescindível para seu aparecimento é a contração natural dos músculos do rosto, que formam as chamadas linhas de expressão, entre outros. Por exemplo: muitas pessoas tem o hábito de franzir a testa ao se expressar, mas com o passar do tempo essa contração dos músculos da região gera vincos horizontais na pele. O mesmo acontece com as rugas ao redor dos olhos – resultado da tensão gerada quando sorrimos ou forçamos a vista, por exemplo. Quando é injetada nessas rugas, a toxina botulínica age como um bloqueador neuromuscular, ou seja, bloqueando a transmissão de estímulos dos neurônios para os músculos, impedindo, parcial ou totalmente, a contração muscular.
O resultado da aplicação do botox em estética começa a ser notado no prazo de dois a cinco dias a partir do momento da aplicação. Os resultados tornam-se mais pronunciados por até duas semanas. A partir de então os resultados permanecerão estáveis pelo período aproximado de quatro a seis meses. No uso estético, os efeitos do botox podem durar de três a quatro meses, mas há casos em que os resultados permanecem até seis meses.
Justamente pela sua atuação na diminuição da tensão muscular, ela pode ser utilizada para diversas finalidades na área, como é o caso do controle do bruxismo, uma situação que se caracteriza pelo apertamento ou ranger de dentes durante o sono e/ou em vigília e que, de acordo com as estatísticas médicas, acomete cerca de 40% da população mundial.
Os benefícios da toxina botulínica na Odontologia se estendem, ainda, ao tratamento corretivo das assimetrias de face (ligadas à hipertrofia dos músculos da mastigação), da exposição gengival acentuada (quando o paciente sorri, a sua gengiva é exposta excessivamente), do sorriso assimétrico, do controle de alguns tipos de sialorreias (salivação em excesso) e das dores orofaciais ligadas à disfunção da articulação temporomandibular (DTM muscular, caracterizada pela fadiga dos músculos da mastigação), assim como também pode ser empregada nos tratamentos preventivos, como em casos de implantes de carga imediata e reabilitações estéticas, entre outras possibilidades.
As aplicações de Botox são contra-indicadas durante a gravidez, amamentação ou em pessoas com doenças autoimunes (em que anticorpos atacam células sadias do corpo), doenças neurológicas e que afetam os músculos; alérgicos à proteína do ovo e que estejam fazendo uso de medicamentos com aminoglicosídeo.
Sem dúvida o exagero na dosagem é o maior risco eminente, aplicação em regiões erradas também podem trazer resultados desastrosos como assimetria, isto é, um lado ficar diferente do outro, pálpebra caída e em casos mais extremos, pode provocar botulismo, uma doença grave que paralisa os músculos. A toxina botulínica mal aplicada também pode provocar o chamado “efeito máscara” que não é nada natural. Do ponto de vista da saúde também pode prejudicar movimentos necessários como piscar, mastigar, deglutir e até respirar.
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